Amplifest is back | 2019
Saudades daquele fim de semana onde a “família” Amplificasom se reunia em peso para ver os seus heróis? Nós também tínhamos, mas está quase!
O regresso do Amplifest está marcado para os dias 12 e 13 de Outubro e com ele volta a experiência transcendental que o festival proporcionou nas duas salas do HardClub até 2016.
Nesta edição temos vinte e cinco tentadores motivos para nos entusiasmarmos com o seu retorno, entre elas, uma exposição do grande Dehn Sora, conversas que atravessam os gigantes Hellfest e Roadburn, dois interessantes filmes a abrir os dias e muitos concertos que nos prometem levar a longas e monumentais viagens sonoras pela intensidade e beleza de alguns dos mais interessantes e importantes projetos do momento. Há regressos, há promessa de boas descobertas e ainda o reencontro com alguns velhos conhecidos que agora vestem novas peles. Destaques? Podia ser todo o cartaz, mas podemos falar de alguns assim rapidamente, e, como é óbvio, temos de começar pelo regresso dos Amenra e dos Deafheaven.
Os Belgas vão ser responsáveis pelo maior Slot do primeiro dia. Portadores de um pesado e refinado som, as “missas” arrebatadoras dos Amenra já se tornaram famosas e essenciais nos dias de hoje. Regressam para o seu terceiro Amplifest, onde apresentam 20 anos de carreira, em um concerto especial que serve também de apresentação para Mass IV, álbum de 2017.
Já os Deafheaven são os cabeças de cartaz do, muito carregado, segundo dia. A banda, trás o mais recente Ordinary Corrupt Human Love, o quarto álbum, que é também o mais desafiante até a data. Um trabalho ímpar onde à mistura de Shoegaze, Post-Rock e Black-Metal percorre caminhos singulares ainda não transpostos por outra banda e que marca definitivamente os americanos como o nome mais influente e desafiante da última década no universo Metal. Se tiverem dúvidas, dia 13 podem tirá-las.
Altamente aclamada também é a presença dos Daughters, eles que apresentam no dia 12 You Won’t Get What You Want, álbum que marcou de forma contundente o ano transato como um dos mais brilhantes, inovadores e marcantes registos, não só do panorama pesado, como global. Um álbum que funde o Hardcore, o Noise e o Industrial de uma forma intensa e contundente, e que transforma os Daughters numa das grandes apostas desta edição. Junto com os Inter Arma, os Birds in Row ou mesmo Emma Ruth Rundle, chegam no momento certo, onde se demarcam com quatro projetos extremamente influentes e essenciais na atualidade.
Uma das vertentes mais interessantes do Amplifest, e por vezes esquecida, é a componente mais eletrónica do festival, onde encontramos o “Engenheiro sonoro” Author & Punisher, o Black Metal eletrónico de Bliss Signal (o novo projeto de James Kelly dos Altar of Plagues com o produtor Mumdance), ou JK Flesh, o alter-ego de pendor mais eletrónico de Justin K. Broderick, que assim regressa ao festival depois de passagens com Godflesh e Jesu, na primeira edição.
Mas então e bandas portuguesas ? Temos pois! De Lisboa chega a dupla Candura, que com o seu Drone/Noise, andam no ouvido e na boca de muito boa gente ligada a universos alternativos e sonicamente exploratórios. Já os Gaerea, banda do Porto, distinguem-se como um dos projetos mais audazes do Black Metal nacional. Dois projetos a ter muita atenção e a não deixar passar.
Para finalizar os destaques é importante referir para chegarem cedo, isto porque, o Amplifest contem dois interessantes documentários no seu cartaz. “Where Does a Body End?” é uma reflexão sobre os essenciais Swans, e sobre tudo o que envolve esta mítica arquitetura e aventura musical que Michael Gira montou. Já “Syrian Metal Is War”, aborda a questão de como é possível se viver o Metal num país tão profundamente abalado pelo clima de guerra aberta e tão punitivo religiosamente como a Síria. Valem a pena.
Contudo, há muito mais a ser explorado no fim de semana, mais intenso e transcendente de Outubro, como por exemplo o Hardcore dos Portryal of Guilt e dos Touché Amoré, a viagem sensorial dos Ingrina e dos Some Become Hollow Tubes, ou o regresso a “família” Amplificasom, depois de concertos a solo já bem longínquos, dos Pelican e dos Nadja. Ficaram ansiosos? Vemo-nos então no HardClub!
Os horários já se encontram disponíveis. Vamos viver a experiência.